Pesquisadores do Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB FGV-EAESP) da Fundação Getúlio Vargas realizaram um estudo com diversos profissionais da área de Administração Pública sobre o enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil. A pesquisa foi realizada nos últimos 8 meses, tendo começado em março com o agravamento da pandemia, e os resultados são preocupantes.
O estudo e a coleta de dados foram divididos em três fases com intervalos de três meses entre elas. Dentro de cada etapa da pesquisa, foram entrevistados, através de questionários online, profissionais de linha de frente da Administração Pública nas áreas de saúde, assistência, segurança e defensoria. Nos questionários, foram considerados o acesso a recursos, como treinamentos e equipamentos de proteção individual, saúde mental e mudanças das práticas de trabalho.
A pesquisa buscou trazer um panorama sobre o que tem acontecido com os servidores públicos desde o início da pandemia até os dias atuais; compreender, com um olhar de dentro do Estado, como foi o preparo dos seus profissionais; e qual a percepção dos mesmos em relação aos impactos da crise em seu trabalho, bem-estar, modo de agir cotidianamente e na maneira como interagem com a população.
Segundo dados da terceira fase da pesquisa, 79% dos profissionais da saúde pública sentiram que a sua saúde mental foi afetada negativamente pela pandemia, sendo apenas 28% os que receberam algum tipo de apoio para cuidar da questão psicológica. Na área de assistência pública, 77,7% dos respondentes afirmaram não terem recebido nenhum treinamento para lidar com a crise, além da falta de equipamentos de proteção individual, que neste caso, configura 39,4% dos profissionais.
Na área de defensoria pública, que englobou assistentes administrativos, defensores, estagiários e outros, 19,2% não têm, e não receberam, os equipamentos necessários para atuar com o trabalho remoto. E 29% acreditam que a Defensoria-Geral não tem feito ações para garantir a realização do trabalho neste momento.
Em entrevista ao Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro, a coordenadora do NEB, pesquisadora e professora da FGV, Gabriela Lotta, destacou a importância da gestão durante o período emergencial.
“O que ficou claro em nossas pesquisas é o quanto a gestão é um elemento central em momentos de emergência. Podemos pensar numa guerra, que só deve ser enfrentada com comando, organização e unidade. O servidor público não pode mudar sozinho a sua realidade”, observou a pesquisadora.
Todos os relatórios e fases da pesquisa estão disponíveis à população no site oficial do Núcleo de Estudos da Burocracia. A entrevista completa sobre o estudos você encontra na CRA-RJ Play. Acesse e confira!
Por Gleici Monteiro
Sob supervisão de Érika dos Anjos